quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mãe, esposa, dona de casa e profissional de sucesso

Conheça os segredos da excelência da gestão feminina, que faz com que as mulheres tenham grandes realizações na carreira e na vida profissional.

De acordo com pesquisa do IBGE, realizada em 2009 em Porto Alegre, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, 61,2% das mulheres economicamente ativas tinham 11 anos ou mais de estudo perante aos homens, cujo percentual era de 53,2%. A pesquisa apontou ainda que a parcela de mulheres empregadas com carteira assinada, com escolaridade de nível superior completo, era de 19,6% e os homens de 14,2%. Outro estudo realizado pelo mesmo instituto mostrou que do ano 2000 à 2010, o número de mulheres responsáveis pelos domicílios brasileiros aumentou de 18,1% para 24,9%.

Novos perfis 
 
Hoje, encontramos mulheres desempenhando excelentes funções em grandes organizações no mundo dos negócios, no mercado financeiro ou à frente da sua própria empresa, sem deixar seu lado feminino de lado. Simultaneamente, essas mesmas conseguem driblar os desafios do dia a dia e, em paralelo às suas atividades profissionais, conseguem cuidar de si, da família e tempo para se manter em constante desenvolvimento.

De professora à empresária
 
É o caso da Maria Rosa Evangelista Sciubba, que há 16 anos é uma das principais franqueadas do CNA - curso de idiomas - fora da cidade de São Paulo. Ela nos conta que ministrava aulas de Educação Física em uma instituição de ensino que oferece cursos que vão do ensino fundamental ao universitário, até que seu marido lhe trouxe a ideia de montar uma escola de idiomas em Ribeirão Preto. "Por ele me conhecer bem e saber do trabalho que eu desenvolvia na escola em que trabalhava, me apoiou na montagem do novo negócio. Não foi fácil abandonar minhas atividades, a estabilidade e a segurança que tinha para me atirar em um universo relativamente novo para mim, mesmo porque nosso orçamento familiar era justo e ainda tínhamos uma filha pequena, de três anos. Nesse projeto não teríamos espaço para erros. Ainda assim, aceitei o desafio. Não abandonei completamente meu trabalho nos primeiros anos, pois precisávamos do aporte financeiro para ajudar a compor nosso orçamento; segundo, porque como funcionária da escola, eu tinha bolsa de estudos para o curso de pedagogia, o que seria importante para o momento que eu estava vivendo. Não perdi a oportunidade, lecionava algumas manhãs, cuidava de nosso novo negócio pela tarde e à noite, estudava. Este foi um dos meus grandes desafios: saber me organizar no turbilhão em que eu vivia e que cada minuto era muito importante. Mas o que nunca me faltou foi determinação, vontade de aprender e otimismo", relembra a empresária.

Segundo Rosinha, como é conhecida na cidade, essa capacidade de organização da mulher que a leva a conciliar os estudos, a vida pessoal e profissional, deve ser um exercício diário e que todas devem conseguir vencer. "O desafio de administrar meu tempo é um exercício diário até hoje, que sou mais experiente. Não existe receita pronta, mas acredito que o bom senso, a organização e a intuição determinam a divisão de tarefas e o equilíbrio dos meus dias. Além disso, minha agenda é bem planejada, embora, às vezes, seja necessário mudar de rota no meio do caminho. Mas o mais importante, para mim, é estar inteira em cada ação, em cada projeto, seja ele familiar, profissional ou pessoal", avalia.

Para ela, são vários os fatores que influenciam o sucesso de um negócio, que vão desde a escolha do segmento até (e principalmente) a gestão da equipe, "mas, sem dúvida alguma, a sensibilidade, a flexibilidade e o 'saber ouvir' feminino mudam o curso de uma empresa; e isso não significa ser permissiva ou tolerante demais. Tenho certeza que minha equipe é engajada porque me preocupo com cada um como me preocupo com um amigo, sem deixar de cobrar a competência e o profissionalismo de quem trabalha comigo", ressalta e finaliza. "Quando conheci o CNA, consegui enxergar um futuro sólido, mesmo sabendo de todos os percalços que passaríamos e batalhei muito junto com a minha equipe para que tudo desse certo, sem muitos deslumbres, mas nunca deixando de sonhar. Assim como no slogan que acompanha a Rede, hoje temos que ser apaixonados pelo sucesso, no sentido mais amplo da palavra."

De operadora de caixa à gerente de vendas
 
Após um ano de ter sido contratada para a função de operadora de caixa da Unifar Drogaria, Cristiani Celuta, hoje gerente de vendas, teve a oportunidade de trabalhar como balconista. Daí em diante buscou aprender e a entender como funcionava as demais áreas da empresa. De acordo com ela, seu objetivo era crescer profissionalmente, uma vez que tinha como meta fazer um curso superior e, para isso, precisaria de uma remuneração melhor. "Apareceu, então, uma vaga para trabalhar como auxiliar administrativo na filial e um dos requisitos para preenchimento era ter conhecimento geral da empresa. Assumi a função e pouco tempo depois fui promovida à gerente de loja. Após cinco anos, voltei para a matriz para assumir a gerência de vendas da Unifar Drogaria", orgulha-se Cristiani. Assim como Rosinha, Cristiani também se viu diante de grandes desafios. "Lembro que, para conseguir a vaga de balconista da Drogaria Unifar, era necessário ter o curso de digitação uma vez que a drogaria é totalmente informatizada. Como não possuía, mas estava determinada a conseguir a vaga, falei com a minha supervisora que não encontraria dificuldades para digitar, mesmo não possuindo o curso. Como na época não tinha computador em casa, consegui um teclado e treinava horas para aprender. Sempre que atendia a um cliente novo eu tinha que fazer um cadastro o que exigia muita digitação, eu informava que era o meu primeiro dia, os clientes sempre compreendiam e demonstravam muita paciência."
Cristiane relembra que, além de vencer sua falta de conhecimento em digitação, tinha outro obstáculo. "O cansaço de trabalhar o dia todo com certeza foi outro desafio. Eu levantava muito cedo e chegava em casa muito tarde por causa da faculdade. Muitas vezes não conseguia me concentrar na sala de aula, além disso, não é fácil encontrar o ponto de equilíbrio entre o trabalho, estudos e a vida pessoal. Em alguns momentos essas atividades se confundem é e difícil priorizar, uma vez que todas são prioridades. Mas entendo que para vencer os desafios é preciso ter foco, determinação e saber que somos passíveis de falhas e que elas nos ensinam a acertar na próxima vez", dá a dica.

A gerente destaca ainda o fato de, em alguns momentos, as mulheres serem mais inseguras nas tomadas de decisões e de se envolverem emocionalmente com as situações. "Os homens conseguem se impor melhor sem envolver sentimentos. No entanto, a sensibilidade feminina é, com certeza, um dos grandes diferenciais da mulher no mercado de trabalho. Estamos atentas aos detalhes, valorizamos muito os relacionamentos e temos um grande senso de justiça, não precisamos buscar igualdade de gêneros e sim exercer com competência nosso trabalho, valorizando nossos diferenciais, e tudo isso faz a diferença em nossa gestão", conclui.

As mulheres no mercado financeiro
 
Após investirem mais na carreira e conquistarem definitivamente o mercado de trabalho, as mulheres estão cada vez mais presentes no mercado financeiro e investindo na bolsa de valores tanto quanto os homens. De acordo com dados da BM&FBovespa, atualmente as mulheres já representam quase 25% de CPFs cadastrados. "Desde 2002 começamos a perceber um significativo aumento na participação feminina na Bolsa de Valores", afirma a economista e porta voz da Lerosa Investimentos, Alexandra Almawi. 

De acordo com ela, a mulher quando decide investir é bem mais cautelosa que o homem e busca informação, além de ser mais aberta a ouvir muito mais do que os homens. "Isso faz com que sua assertividade seja maior. Seu perfil também tende a ser mais conservador, porém, hoje vemos muitas mulheres que, munidas de conhecimento, se arriscam em mercados mais agressivos. Ao contrário do que se imagina, as mulheres são tão racionais quanto os homens na hora de investir. A diferença é que a equação feminina é mais sofisticada. Elas não olham apenas a rentabilidade das companhias em que investem, quando as escolhem, tornam-se realmente sócias da empresa, buscam informações e estudam o assunto antes de qualquer decisão", acrescenta.

A opinião da especialista

De acordo com a psicóloga Teresa Gama, a mulher tem maior facilidade para lidar com várias coisas ao mesmo tempo, possui uma qualidade de atenção que lhe permite manter vários assuntos no seu "radar" e, por isso, consegue conciliar melhor sua vida profissional com a responsabilidade pela casa, família e educação dos filhos, por exemplo; embora tais tarefas estejam mais atribuídas aos homens, que tendem a ser mais focados em um aspecto de cada vez, enquanto que a mulher atua com múltiplas tarefas.

Além disso, segundo a psicóloga, a gestão feminina contribui muito para o mercado com as características que lhe são peculiares tais como sensibilidade, intuição, flexibilidade, percepção do outro e habilidade no relacionamento. "Uma das questões muito importantes da liderança é o relacionamento com a equipe, pares, clientes, enfim, com todas as pessoas com quem se convive no dia a dia profissional e, como tem maior sensibilidade para o relacionamento e a forma como ela se comunica, envolvendo não só a razão como também a emoção, pode contribuir de maneira positiva nesse sentido", constata. 

Ainda na opinião da especialista, existem ramos de negócios que são melhores administrados por mulheres. "Em termos de segmento de trabalho, a área de serviços tem maior concentração de mulheres. Além disso, outras áreas em que as habilidades de inclusão e relacionamento são solicitadas, são segmentos nos quais a mulher pode dar uma grande contribuição. Hoje, elas passaram a desenvolver 'seu lado masculino' ao longo do tempo e não recuam diante de situações antes denominadas tipicamente para eles, como por exemplo, enfrentar situações de maior risco. Fazendo uma analogia, nos primórdios, os homens saiam para caçar e as mulheres ficam cuidando dos filhos e da comunidade. Hoje elas estão saindo para caçar também e têm desenvolvido as habilidades para isso", reforça e deixa o legado final. "Tomando por base a teoria da psicologia analítica, o importante é que cada profissional, homem ou mulher, perceba se está conseguindo equilibrar em sua vida tanto as habilidades do mundo feminino como a sensibilidade, por exemplo, como as do mundo masculino, como a objetividade. É lógico que um não vai se transformar no outro, mas pode atingir um equilíbrio maior, o que só beneficiará a convivência e a vida de todos de maneira geral, tanto pessoalmente como profissionalmente."

Teresa Gama é diretora da Projeto RH, psicóloga e possui curso de especialização em Coaching pelo ICC (International Coaching Community).

Fonte: Revista Gestão & Negócios

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