sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ampliação do aviso prévio: quais os impactos para o trabalhador?

SÃO PAULO – As alterações no pagamento do aviso prévio, aprovadas na quarta-feira (21) pela Câmara, causaram polêmica nas esferas empresariais. Contudo, pouco se discutiu sobre os impactos de tais mudanças para o trabalhador.
Se por um lado os funcionários que tiverem seus contratos rescindidos poderão ser beneficiados com o recebimento de uma indenização proporcional ao tempo de trabalho – de até 90 dias –, por outro, quem pedir a conta deverá arcar com o prejuízo de tal decisão.
A advogada trabalhista e previdenciária do Cenofisco, Rosania de Lima Costa, explica. “Se o projeto for sancionado pela presidente sem alterações, ou seja, como o texto foi entregue, o trabalhador que pedir demissão deverá pagar tal aviso ao empregador também de forma proporcional”, diz.
De acordo com o Projeto de Lei 3941/89, os funcionários que tiverem até um ano de trabalho na mesma empresa terão um aviso prévio de 30 dias. Contudo, os contratados que atuarem na organização por mais tempo, terão acrescentados três dias para cada ano de serviço – estes limitados a 60 (equivalentes a 20 anos de trabalho).

Impasse à vista

Com essa nova sistemática, a expectativa do setor não é muito atrativa para ambas as partes. “Acredito que as empresas passarão a solicitar o cumprimento do aviso prévio de forma proporcional. Desta forma, o pagamento indenizatório de até três salários extras para o caso de dispensa das atividades poderá ser evitado”, diz Rosania.
Contudo, isso nem sempre se mostrará uma boa solução, conforme avalia o consultor trabalhista e previdenciário da Macro Auditoria e Consultoria, Leandro Libardi. “A empresa terá que conviver com um trabalhador desmotivado, que não executará as atividades com zelo. Isso certamente fará a mesma dispensá-lo”, acredita.

Como decidir?

Outra situação será a do trabalhador que pedir a conta sem ainda ter outro emprego definido. Neste caso, a pergunta a ser feita será: ter o desconto do aviso em folha, que agora ficou mais 'salgado', ou permanecer na empresa? Nestes casos, a segunda opção provavelmente prevalecerá.
Tal questionamento, no entanto, dificilmente afetará os profissionais que já tiverem conseguido uma nova oportunidade. “O empregado que pedir demissão por já ter outro emprego não se importará de pagar tal indenização ao pedir a dispensa do aviso prévio. A proposta em vista deverá ser bem melhor”, alega Rosania.

Demissões mais criteriosas

Situações à parte, uma coisa é fato: as empresas certamente passarão a avaliar com mais cautela os contratos de trabalho antes de optar pela demissão de um funcionário. Ao menos, é isso que Rosania acredita.
Para ela, as dispensas exigirão mais critérios, especialmente por que as verbas recisórias ficarão mais caras para o empregador. “A folha de pagamento será onerada porque o aviso prévio também afeta os demais valores pagos nas rescisões contratuais. Ao décimo terceiro, por exemplo, deverão ser somados mais três meses de trabalho, bem como no que diz respeito ao pagamento do INSS e FGTS”, esclarece Rosania.
Desta forma, nem a multa de 40% paga pelos contratantes ficará de fora dessa conta. “A multa será calculada sobre o FGTS, cujo valor será alterado pela proporcionalidade do aviso prévio”, completa.

Aprovação

Apesar de o projeto ter sido analisado pelas comissões permanentes e contar com substitutivos das comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e da CCJ (Constituição e Justiça e de Cidadania), um acordo entre as lideranças permitiu a aprovação do texto original vindo do Senado.
Segundo a advogada, a decisão do Congresso evitou que o assunto fosse arbitrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que ameaçou definir os critérios da proporcionalidade do aviso prévio no julgamento de ações individuais de trabalhadores.
“Como o Supremo ameaçou fazer o papel do Legislativo, a decisão sobre alguns casos foi suspensa e o Legislativo correu para aprovar o projeto. Se isso não fosse feito, o número de indenizações retroativas certamente seria enorme”, diz.
Fonte: InfoMoney

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Se a crise é lá fora, por que a bolsa brasileira cai mais do que as outras?

SÃO PAULO - Os Estados Unidos têm enfrentado sérios problemas econômicos ao longo deste ano. O desemprego elevado, a dificuldade de conseguir aumentar o teto da dívida pública no Congresso - que fez com que a nota de classificação de risco dos seus títulos públicos fosse rebaixada pela primeira vez na história pela agência Standard & Poor's - e a estagnação da economia são alguns dos problemas enfrentados pelos norte-americanos.
Já o Brasil, apesar de alguma dificuldade para trazer a inflação para o centro da meta, segue com uma economia consolidada, em crescimento e com bons níveis de emprego. Apesar das diferenças de cenário entre os dois países, contraditoriamente, o Ibovespa (principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo) acumula queda de 23,12% neste ano (com base no fechamento da última quinta-feira, 22), enquanto o Dow Jones (índice que reúne as 30 ações mais negociadas da Bolsa de Nova York) caiu 7,29% no mesmo período.
Na Europa, continente que também passa por um processo delicado, com muitas incertezas por conta da dívida fiscal de países como Grécia, Espanha e Itália, apesar das bolsas acumularem queda maior do que nos EUA, as perdas são menores do que aquelas verificadas no mercado brasileiro.
Com isso, muitos investidores se perguntam: se o problema maior está lá fora, por que a nossa bolsa sofre mais do que os mercados internacionais?
Ibovespa começou mal o ano
De acordo com o analista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi, um dos motivos para o Ibovespa estar com um desempenho pior do que as outras bolsas este ano é que o mercado brasileiro já começou 2011 de forma conturbada, com as ações da Petrobras (que detém a segunda maior participação no Ibovespa) bastante penalizadas por conta de dúvidas em relação ao processo de capitalização da companhia (ocorrido no final de 2010) e por conta de episódios de ingerência do governo no comando da estatal.
Outra empresa que detém grande peso no Ibovespa e que sofreu no início do ano, afetando também o índice de uma maneira geral, foi a Vale. “O mercado penalizou as ações da Vale por conta dos problemas em relação a saída de Roger Agnelli (antigo presidente da companhia), que também teve forte influência do Governo”, diz Galdi.
Assim, segundo o analista, a bolsa brasileira já começou o ano em desvantagem em relação aos outros mercados mundiais. “Antes dos problemas lá fora se agravarem, a nossa bolsa já caia 10%, enquanto nos EUA o Dow Jones subia 10%", afirma Galdi.
Peso da commodities
De acordo com o analista, outro ponto que faz com que a bolsa brasileira esteja pior do que outros mercados mundiais é a forte dependência do nosso mercado em relação às commodities (matérias primas, como petróleo e minério de ferro), que são o negócio principal de grandes empresas listadas na bolsa brasileira.
“Quando se observa uma piora no cenário econômico, quem tem commodities é que sofre mais. Empresas de papel e celulose, mineração e petróleo acabam sendo prejudicadas”, afirma Galdi.
O analista da corretora Socopa, Osmar Camilo, concorda. “As empresas ligadas às commodities têm um grande peso no Ibovespa, então, sem dúvida o desempenho delas influencia a bolsa brasileira”, afirma Camilo.
Economias emergentes
Entretanto, o analista da Socopa ressalta que o desempenho ruim este ano não está restrito apenas à bolsa brasileira. Segundo ele, a maioria dos mercados emergentes está com desempenho de suas bolsas parecido com o Brasil este ano. “Se você olhar o índice MSCI de mercados emergentes, a queda está próxima daquela verificada na bolsa brasileira”, diz Camilo.
De acordo com o analista, em momentos de crise, apesar de não estarem no “centro do furacão”, as economias em desenvolvimento acabam sendo mais penalizadas. “Os mercados emergentes sofrem mais, porque ainda trazem incertezas para os investidores”, diz Camilo.
O especialista da MoneyFit, André Massaro, tem a mesma opinião. “Apesar da melhora na economia, o Brasil ainda é um país emergente e, usando um termo em desuso, de terceiro mundo. Em momentos de crise, muitos investidores fogem para países mais seguros, especialmente para os Estados Unidos”, afirma Massaro.
Volume de negócios
Outra questão diz respeito ao volume negociado na bolsa brasileira. O especialista da MoneyFit lembra que, quanto maior o volume negociado, menor o risco de ter uma volatilidade acentuada.
“A bolsa brasileira ainda tem um volume de negócios muito menor do que bolsas norte-americanas por exemplo, por isso sofremos mais com a volatilidade do que eles”, afirma Massaro.
Ele lembra que o mesmo acontece com as próprias ações das companhias. “Os papéis da Vale e da Petrobras têm um volume grande de negócios e por isso apresentam uma volatilidade menor do que outras empresas com volume menor de negociação”, diz.
Alta taxa de juros
Outra questão apontada pelos especialistas como um dos motivos para a bolsa brasileira estar com um desempenho pior este ano do que outros mercado é o fato do País possuir uma das maiores taxas de juros do mundo, beneficiando os investidores que aplicam em renda fixa.
Só este ano, a Selic (taxa básica de juro da economia) subiu 1,25 ponto percentual – mesmo com a queda de 0,50 p.p. anunciada na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC. “Com certeza a alta taxa de juros atrapalha a bolsa”, diz Camilo, da Socopa. “Mas é bom lembrar que nós sempre tivemos taxas bastante altas”, completa.
Fonte: InfoMoney

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Produção de baixo custo apenas na China é coisa do passado

São Paulo – Estudo produzido pela consultoria KPMG afirma que pensar na China como o lugar ideal para se terceirizar a produção é coisa do passado. O país já começa a abandonar sua posição de fabricante de itens de baixo custo.
Nick Debnam, responsável pela divisão de Mercado Consumidor para Ásia e Pacífico da KPMG, afirma que é possível observar dispersão da produção de alguns itens, antes concentrada na China. “Um dos exemplos é a confecção de calçados, deslocada para o Vietnã e a Indonésia”, diz.
Por enquanto, a China continua líder na manufatura de bens de menor valor. Nenhum país da região consegue igualar sua escala de produção e raros são os que apresentam uma infraestrutura com chances de competir. Entretanto, além dos salários no país terem aumentado, e os custos de produção, crescido, há também o fato de que a média de idade da população economicamente ativa da China vem aumentando.
O estudo aponta 10 países do sul e do sudeste asiático que, por terem média salarial mais baixa, incentivos para atrair fábricas estrangeiras e uma força de trabalho mais jovem, são promissores candidatos a se tornarem a próxima China dentro de poucas décadas. 

Países:

Bangladesh

As exportações de países como Bangladesh aumentaram e começam a chamar a atenção. O país se destaca pelo baixo custo para se construir e operar uma fábrica, tornando-o atrativo para empresas estrangeiras. Bangladesh, segundo a KPMG, é um dos únicos países capazes de alcançar o mesmo desempenho em exportação, sobretudo de têxteis, da China.

Camboja

Acordos comerciais importantes impulsionaram as exportações do Camboja para a União Europeia nos últimos anos. No país, a manufatura já corresponde a 15% do PIB. O Camboja tem diversos atrativos para empresas estrangeiras, mas um dos destaques é a idade média de sua população economicamente ativa, que é de 22 anos, 12 a menos do que na China.

Índia

A participação da Índia nas exportações mundiais vem crescendo desde 2009. O país concentra esforços na produção itens como os de vestuário, que são um dos destaques, e móveis. A Índia combina baixo custo de instalação de fábricas e média salarial inferior à da região a um abundante contingente de mão-de-obra.

Indonésia

Além de Bangladesh, a Indonésia é o único outro país em condições de ter um desempenho nas exportações parecido com o Chinês, segundo o estudo da KPMG. A venda de calçados do país para o exterior subiu 42% em 2010, e este é apenas um dos exemplos. O país atrai empresas estrangeiras por ter mão de obra abundante e baixo custo, tanto de logística, quanto para instalar uma fábrica.

Malásia

Mais de 25% do PIB da Malásia já corresponde à manufatura. O país, de acordo com o estudo da KPMG, tem fortes fatores competitivos na indústria têxtil. O principal deles é a mão de obra, “fortemente especializada”. Outro destaque do país é sua infraestrutura portuária. Um de seus portos para contêineres está entre os 50 melhores do mundo e compete com os da China.

Paquistão

Os custos da mão de obra são uma das boas razões para se investir em fábricas no Paquistão, segundo o estudo da KPMG. Além disso, o país tem a força de trabalho mais jovem da região: 21 anos, em média, 13 a menos do que na China. No Paquistão, 17% do PIB corresponde à manufatura.

Sri Lanka

O Sri Lanka já conta com importantes acordos comerciais para exportação. Atualmente, 36,9% de tudo que o país vende para fora vai para a União Europeia. Outros 23% vão para os Estados Unidos. O país conta com um importante porto para contêineres, o 29º maior do mundo, segundo o estudo da KPMG.

Tailândia

A Tailândia se destaca, dentre outras áreas, pela produção de componentes de equipamentos eletrônicos para exportar à China. O país firmou tratados comerciais com países do sudeste asiático, China e Japão. E tem a União Europeia como principal destino de suas exportações (11,9%, segundo o estudo da KPMG).

Filipinas

Países “mais jovens e baratos” como as Filipinas são bons para atrair investimentos, segundo aponta o relatório da consultoria KPMG. As ilhas têm importantes acordos comerciais com o sudeste da Ásia, além da Nova Zelândia, Austrália, Índia, Japão, Coreia do Sul e China. A União Europeia é o principal destino das exportações das Filipinas, ficando com 20,7% do que é vendido ao exterior.

Vietnã

O Vietnã é um dos principais países produtores de calçados da região. O país tem ainda uma das mais baratas forças de trabalho, assim como baixos custos para instalação de fábricas. Além disso, a escala da produção vietnamita tem aumentado “dramaticamente”, segundo a KPMG, à medida que a infraestrutura do país se desenvolve rapidamente.


Fonte: Exame

Brasileiro valoriza ficar em casa e quer gastar com alimentos frescos

Nos Estados Unidos, onde 52% dos consumidores estão ansiosos sobre o futuro, 42% querem ficar em casa para aliviar o estresse, segundo uma pesquisa da consultoria Boston Consulting Group (BCG) realizada com 24 mil pessoas em 21 países. Na zona do euro, a ansiedade atinge 53% e 33% querem a segurança do lar. Em um contexto econômico muito mais pujante, o percentual de brasileiros ansiosos é menor (40%), mas o desejo de ficar em casa é um dos mais altos entre os países pesquisados, de 51%.
A pesquisa mundial do BCG - com 650 entrevistados nas cidades de São Paulo, Recife e Porto Alegre entre março e abril - mostra as categorias em que o consumidor busca produtos mais acessíveis (movimento classificado como "trading down") e os segmentos em que há o desejo de itens mais caros ("trading up").
Enquanto a população dos países em crise procura a segurança do lar para gastar menos, os brasileiros querem gastar mais para ficar em casa. Estão dispostos a aumentar os desembolsos para ter um lar bem decorado e equipado, onde possam reunir a família e amigos. Isso deve se refletir no consumo de móveis, decoração e eletrônicos, como TVs e videogames.
Já na hora de se divertir fora de casa, a ordem é economizar - 47% das pessoas ouvidas querem gastar menos com entretenimento; 45%, com restaurantes à la carte; e 44%, com fast-food.
Além da reforma e decoração da casa, os alimentos frescos estão no topo das preferências do brasileiro. Mais de 30% não quer economizar com frutas, verduras, legumes, laticínios, frango, carne e sucos.
O levantamento também mostrou que 15% dos entrevistados no Brasil estão dispostos a pagar mais caro por produtos "verdes", mais do que os 9% observados na pesquisa de 2010. A parcela dos que sempre compram esse tipo de item ainda é pequena, mas subiu de 4% para 6%, enquanto 48% afirmam nunca comprar produtos menos agressivos ao ambiente.
Os consumidores também sofisticaram as escolhas na hora de comprar um carro e itens de cuidado pessoal, como desodorantes e pastas de dente. "Em diversas categorias o crescimento do consumo deixa de ser puramente direcionado por volume, como há cinco ou seis anos, e se volta para produtos de mais qualidade", diz Olavo Cunha, sócio do BCG em São PauloPor outro lado, enquanto grande marcas internacionais apostam no mercado de luxo brasileiro, joias e produtos de luxo aparecem na pesquisa entre os principais itens pelos quais o consumidor não quer pagar muito. "Isso acontece no mundo todo pós-crise. Ostentar o luxo é cada vez menos valorizado em favor da discrição", diz Cunha. Ele destaca que a pesquisa considera a intenção do consumidor, o que não se reflete necessariamente na hora da compra.
Por De São Paulo

Fonte: Valor Econômico









terça-feira, 27 de setembro de 2011

Inadimplência deve aumentar na América Latina

Por De Washington

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem que a taxa de inadimplência dos bancos da América Latina e de outros países emergentes poderá aumentar até fins de 2012 mesmo que não ocorram choques nessas economias. No Brasil, afirma o organismo, "a qualidade do crédito parece forte na superfície, mas representa um desafio central para a estabilidade futura".
Os exercícios matemáticos do FMI, publicados no seu relatório de estabilidade financeira mundial, mostram que o índice de inadimplência na América Latina, hoje na casa dos 4%, subiria gradualmente para em torno de 5% em 2011 e para mais de 6% em 2012. A deterioração deve ocorrer, segundo o FMI, devido ao amadurecimento das carteiras de crédito, após um período de forte expansão.
Segundo o fundo, em alguns países o crédito está se expandindo numa velocidade mais rápida que o crescimento nominal do Produto Interno Bruto (PIB). "Em muitos casos, isso é bom porque representa o aprofundamento financeiro das economias", disse José Viñals, consultor financeiro do FMI. "Mas se você faz isso muito rápido, você terá uma maior inadimplência."
Nessas projeções, o FMI avalia as economias emergentes em blocos, sem fazer nenhuma distinção do que poderá ocorrer com os países individualmente. Ao todo, são examinadas 25 economias emergentes, incluindo oito países da América Latina. O Brasil é um deles.
O Brasil é um dos três países que ganham luz amarela no quesito aumento de crédito, numa amostra de 20 importantes países emergentes selecionados pelo FMI. O crédito no Brasil cresceu 25,5% em 2010, aponta o FMI. Dois países ganham luz vermelha: Turquia (com expansão de 27,8%) e Índia (26,3%).
Um outro exercício feito pelo FMI investiga o que acontecerá com as carteiras de crédito dos bancos se houver um choque nas economias. Num dos cenários, uma queda de 16% nos preços de produtos exportados, os chamados termos de troca, levaria a um aumento de 25% nos índices de inadimplência. Um choque combinado de baixo crescimento (5% menor), queda nos termos de troca e aumento de juros teria forte impacto no capital dos bancos. Na América Latina, os bancos teriam uma queda de 5,7% no índice de Basileia, uma medida do volume de capitais.
O cenário econômico central do FMI ainda projeta crescimento mundial lento, mas contínuo, na casa dos 4% ao ano. Mas o organismo, que faz sua reunião de outono em Washington amanhã e depois, vem alertando que aumentaram os riscos de uma desaceleração econômica. "Esse é um alerta para os países emergentes", afirmou Viñals. "Eles precisam estar preparadas."
Viñals reconheceu que alguns países já estão combatendo esses desequilíbrios com as chamadas medidas macroprudenciais, como o aumento dos compulsórios incidentes sobre bancos, taxação sobre empréstimos e limites de prazo nas operações de crédito. Para ele, porém, os países emergentes precisam ficar atentos sobre a necessidade de usar instrumentos macroeconômicos básicos, como políticas monetária e fiscal, para combater o surgimento de desequilíbrios financeiros causados pelo superaquecimento econômico. (AR)
 
Fonte: Valor Econômico

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tempo que Foge - Ricardo Gondim

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de "confrontação", onde "tiramos fatos à limpo". Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.

Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada:
- Gosto, e ponto final!

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a "última hora"; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.
                                                                                                                                                                                                                                                        

Borboletas - Mário Quintana

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande. 
As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.

Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.


As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.


Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.


Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.


O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar
não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!