Com o dólar na casa dos R$ 2, surgem oportunidades para exportadores e preocupações para quem depende das importações para manter o negócio.
Pela primeira vez em quase três anos, o dólar
ultrapassou a barreira dos R$ 2 e não dá sinais de que voltará tão cedo
para a casa do R$ 1,60 com que iniciou 2012. Essa valorização da moeda
americana, que somou 20% em maio, tem efeitos sobre a economia
brasileira e coloca na gangorra empresas de importação e exportação.
Se, por um lado, quem compra produtos fora do Brasil é obrigado a encolher as margens e fazer ginástica com a tabela de preços, quem exporta começa a se animar e prospectar clientes com orçamentos mais atrativos.
Gilberto Campião, consultor da
área de comércio exterior do Sebrae, afirma que há um movimento inicial
de empresas interessadas em começar a exportar em razão da mudança no
câmbio. “Com o dólar mudando, o produto brasileiro ganha uma
competitividade que não tinha. Houve 20% de majoração em um mês, e é
muito difícil ganhar isso em produtividade no mesmo tempo”, diz.
Para
Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do
Estado de São Paulo (Simpi), o movimento do real desvalorizado é
positivo, porque favorece a produção das empresas nacionais. “Na China, o
iuan está desvalorizado em 60% em relação ao dólar. Outros países do
mundo também têm políticas de proteção. O Brasil tem de seguir o mesmo
exemplo”, diz.
O economista e professor da Fundação
Instituto de Administração (FIA) Carlos Honorato afirma que a cotação
reflete a incerteza da economia mundial, agravada pelo momento na
Grécia, que enfrenta dificuldades e se prepara para deixar a União
Europeia. “O dólar é o primeiro lugar onde há impacto quando o mundo
está em crise, e é um dos piores lugares para prever e apostar”, diz.
Apesar da dificuldade em prever o futuro do dólar, analistas afirmam que houve uma mudança de patamar e, dificilmente, a moeda norte-americana voltará a cair para as faixas do começo de 2012. “É certo que o patamar mudou. Ele volta um pouquinho, deve ficar na faixa de R$ 1,80 a R$ 1,85”, diz Campião, do Sebrae.
Apesar da dificuldade em prever o futuro do dólar, analistas afirmam que houve uma mudança de patamar e, dificilmente, a moeda norte-americana voltará a cair para as faixas do começo de 2012. “É certo que o patamar mudou. Ele volta um pouquinho, deve ficar na faixa de R$ 1,80 a R$ 1,85”, diz Campião, do Sebrae.
Câmbio confortável, mas negócios pouco aquecidos
A marca mineira Mabel Magalhães vende seus vestidos de festa para o
mercado internacional há cerca de dez anos. As vendas de peças de luxo
com bordados e tecidos sofisticados para fora do país já chegaram a
representar 20% do faturamento da marca. Hoje, respondem por cerca de
7%.
Segundo Ruy Magalhães, filho de Mabel e fundador da assessoria de comércio internacional Tercomex, a nova cotação ajuda com os negócios lá fora. Mas ainda é cedo para prever o impacto direto sobre as vendas. “No segmento específico de moda, a gente trabalha com a venda por coleções”, diz.
A grife Mabel Magalhães, que é administrada pelos herdeiros desde que a estilista faleceu, em 2004, vende cerca de 200 peças por coleção para o exterior, principalmente para a Europa e Oriente Médio. Para Ruy, o principal complicador para os negócios é o cenário de incerteza da economia internacional.
Segundo Ruy Magalhães, filho de Mabel e fundador da assessoria de comércio internacional Tercomex, a nova cotação ajuda com os negócios lá fora. Mas ainda é cedo para prever o impacto direto sobre as vendas. “No segmento específico de moda, a gente trabalha com a venda por coleções”, diz.
A grife Mabel Magalhães, que é administrada pelos herdeiros desde que a estilista faleceu, em 2004, vende cerca de 200 peças por coleção para o exterior, principalmente para a Europa e Oriente Médio. Para Ruy, o principal complicador para os negócios é o cenário de incerteza da economia internacional.
Para importadora, saída é reduzir as margens
A publicitária Ana Cristina Simões fundou a importadora A & S em 2010 e iniciou os negócios no começo do ano passado. Com a distribuição exclusiva de cinco marcas de produtos de design divertido do Reino Unido e uma dos Estados Unidos, ela conquistou clientes rapidamente. A empresa vende no atacado para 11 estados brasileiros artigos de presentes, papelaria e gadgets.
A publicitária Ana Cristina Simões fundou a importadora A & S em 2010 e iniciou os negócios no começo do ano passado. Com a distribuição exclusiva de cinco marcas de produtos de design divertido do Reino Unido e uma dos Estados Unidos, ela conquistou clientes rapidamente. A empresa vende no atacado para 11 estados brasileiros artigos de presentes, papelaria e gadgets.
Desde
janeiro deste ano, a empresa vinha crescendo a uma taxa de 40% ao mês
em relação ao ano passado. Com a mudança no patamar do dólar, o jeito
foi apertar as margens para cumprir os contratos já assinados. “A gente
trabalha com uma faixa de segurança, usando um câmbio um pouco mais
alto. Mas a valorização do dólar ultrapassou isso”, diz.
Por
enquanto, a empresa está tentando absorver o impacto e renegociar
alguns contratos. Ela importa cerca de 500 mil produtos por mês. “Se não
cair, vamos ter de reajustar a tabela. Os preços vão deixar de ser tão
competitivos”, afirma.
Dicas para evitar as turbulências
Como prever o comportamento do câmbio é difícil mesmo para especialistas, a indicação é tomar alguns cuidados para evitar se expor às turbulências.
Couri, do Simpi, sugere que as empresas procurem realizar contratos na mesma moeda. “Caso vá exportar o produto e tomar um empréstimo para produzir a encomenda, faça os dois contratos em dólar. Esse é o chamado hedge natural”, sugere.
Para o presidente do Simpi, o exportador também precisa ficar atento a questões simples, mas que podem passar despercebidas por empresas com menos experiência no mercado internacional. “Faça uma carta de crédito em um banco de primeira linha. Não corra riscos desnecessários”, diz. A busca por bancos de primeira linha reduz os riscos de a instituição ser abalada por uma crise que o leve a dar calote nos contratos.
Dicas para evitar as turbulências
Como prever o comportamento do câmbio é difícil mesmo para especialistas, a indicação é tomar alguns cuidados para evitar se expor às turbulências.
Couri, do Simpi, sugere que as empresas procurem realizar contratos na mesma moeda. “Caso vá exportar o produto e tomar um empréstimo para produzir a encomenda, faça os dois contratos em dólar. Esse é o chamado hedge natural”, sugere.
Para o presidente do Simpi, o exportador também precisa ficar atento a questões simples, mas que podem passar despercebidas por empresas com menos experiência no mercado internacional. “Faça uma carta de crédito em um banco de primeira linha. Não corra riscos desnecessários”, diz. A busca por bancos de primeira linha reduz os riscos de a instituição ser abalada por uma crise que o leve a dar calote nos contratos.
Fonte: Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios
Nenhum comentário:
Postar um comentário