terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Brasil cai uma posição e é o 47º no índice de globalização da Ernst & Young

O mais recente relatório da Ernst & Young sobre o avanço da globalização conclui que, apesar de o fenômeno estar aumentando nas 60 principais economias do mundo, no Brasil houve um ligeiro retrocesso. O país caiu uma posição e passou a ocupar a 47ª do ranking, apesar de ser o segundo colocado entre os BRICs, atrás apenas da China (39º). O Brasil está à frente de Argentina (50º), Índia (55º), Rússia (56º) e Venezuela (58º), mas atrás de países como Nigéria (46º), México (36º) e Chile (25º).

Apesar de o país estar abaixo da média em quase todas as categorias do estudo, em 2011, o país ganhou 0,02 ponto na pontuação total em relação ao ano anterior, chegando a 3,24. Foi registrada uma grande queda na categoria de capital, resultado, em parte, da saída de Investimento Estrangeiro Direto (IED), que caiu de 0,6% do PIB para -0,6%. As entradas e saídas de IED aumentaram nos últimos anos, impulsionado pela entrada de investimentos da China. Deve-se notar que os dados de saídas de IED em 2011 foram distorcidos pela repatriação excepcional de empréstimos por empresas brasileiras relacionadas a investimentos feitos em anos anteriores, tornando negativos os dados líquidos de saída desses investimentos.

Resultados Brasil 2011

Classificação geral: 47
Pontuação geral: 3,24
Comércio: 3,48
Capital: 4,64
Trabalho: 2,56
Tecnologia: 2,18
Cultura: 3,27

Em três categorias (Comércio, Trabalho e Cultura), a pontuação permaneceu idêntica. A categoria de Tecnologia ganhou espaço em função das assinaturas de banda larga, que aumentaram de 7,4 (em cada 100 pessoas) para 8,8, e do aumento no número de assinantes de internet, de 32,3 (em cada 100 pessoas) para 36,1.

O país ainda aparece acima da média nos indicadores facilidade de negociação transnacional, restrições de conta corrente, política governamental para o investimento estrangeiro, e abertura da cultura nacional à influência estrangeira. 

Desde 1995, o Brasil caiu três posições na classificação geral. Embora ainda esteja abaixo da média do índice, a entrada de IED subiu rapidamente, passando de 0,6% do PIB em 1995, quando a média do índice era de 2,4%, para 2,3% em 2011, quando a média do índice ficou em 2,7%.

Assinantes de internet e penetração da banda larga também aumentaram rapidamente em relação à média, mas de um ponto de partida baixo. Mesmo assim, ainda ficaram abaixo da média do índice em 2011. Desde 1995, o índice de restrições de conta corrente subiu de 3 para 5 (sendo 5 = muito baixa), e esquemas de proteção do investimento de 2 para 3,6 (sendo 5 = muito bom).
O terceiro relatório anual de globalização da Ernst & Young recorre a duas fontes de pesquisa original, o Índice de Globalização da Ernst & Young, que estuda as 60 maiores economias de acordo com seu grau de globalização em relação ao seu PIB; e uma pesquisa de opinião com 1.000 executivos em todo o mundo, realizada no final de 2011. Além da previsão de crescimento do PIB global e regional ao longo dos próximos quatro anos.

Globalização em alta

A conclusão do relatório da Ernst & Young é a de que, apesar das hesitantes perspectivas para a economia mundial, a globalização continua crescendo entre as principais economias que, até agora, tem evitado o protecionismo. No entanto, 90% dos executivos consultados esperam ver um aumento nas medidas protecionistas se a economia global entrar em nova recessão após uma ligeira recuperação.

Embora a Ernst & Young preveja crescimento do PIB global de apenas 3,4% em 2012, o relatório mantém a perspectiva de que a globalização continuará avançando até 2015. Isso fica ainda mais evidente nos mercados médio-emergentes, como Vietnã, Malásia, México e Colômbia, e pequenos países europeus como Bélgica, Dinamarca, Eslováquia e Áustria. 

Reino Unido e EUA são os únicos mercados analisados em que o índice prevê uma globalização ligeiramente em declínio nos próximos três anos devido à introdução de regras de imigração que terão impacto sobre a contratação de estrangeiros. Nas duas últimas décadas, o único período em que esta tendência ficou globalmente estagnada foi em 2009, no auge da crise financeira. No entanto, entre os executivos entrevistados, mais da metade acredita que um ambiente de deterioração econômica causará aumento dramático no protecionismo.

"Embora a globalização continue em ritmo acelerado, independentemente de um crescimento mais fraco em todo o mundo, o espectro do protecionismo continua sendo uma ameaça. Empresas e governos têm de continuar defendendo a globalização como uma força positiva para o bem econômico e social e evitar qualquer escorregada para o protecionismo”, afirma James S. Turley, chairman e CEO da Ernst & Young.

De onde vem o crescimento econômico?

O desempenho dos mercados emergentes, liderados pelos BRICs, continua compensando o lento crescimento no mundo desenvolvido. A Ernst & Young prevê que o PIB combinado desses mercados deverá crescer 5,3% em 2012, ainda superando as economias ricas e aumentando sua participação no PIB mundial. O PIB dos mercados emergentes (medido com base na paridade do poder de compra) pode superar o das economias desenvolvidas já em 2014, com cerca de 70% do crescimento mundial total nos próximos anos vindo dessas economias, dos quais mais da metade virá de China e Índia.

O relatório da Ernst & Young prevê crescimento tímido na Europa em 2012 mesmo se a crise da dívida soberana for resolvida. Nos EUA, onde se espera crescimento modesto, a perspectiva é menos positiva. 

Os executivos pesquisados estavam compreensivelmente nervosos sobre o panorama atual de negócios, com destaque para problemas iminentes – desaceleração do crescimento, concorrência crescente, complexidade operacional significativa e escassez de talentos em mercados-chave – que estão diminuindo as perspectivas de negócios. Eles se mostraram mais pessimistas do que os analistas econômicos. 

Embora estejam otimistas com o potencial de médio prazo para os mercados emergentes, um pouco mais da metade dos executivos ouvidos acredita que, provavelmente, a economia global entrará em recessão até o final de 2012. Quase dois terços consideram provável uma nova crise financeira global, desencadeada por calotes de dívidas da zona do euro. Quase 90% dos entrevistados esperam um aumento nas medidas protecionistas se a economia global cair em nova recessão após uma leve recuperação.

Assim como a perspectiva de aumento do protecionismo, a crise da dívida soberana na zona do euro e a desaceleração econômica global têm levantado a possibilidade de uma nova crise de crédito diante de um cenário de declínio da confiança nos mercados interbancários.

"Este cenário assustador apresenta muitos problemas para empresas globais, nem todas com flexibilidade, capacidade de resposta ou habilidades necessárias para superá-los. Nosso relatório aponta quatro desafios fundamentais pelos quais as empresas devem passar nos próximos anos. Eles são complexos e é pouco provável que sejam resolvidos rapidamente, mas acreditamos que as empresas podem enfrentá-los com novas respostas que dependem de velocidade, flexibilidade e pensamento não convencional”, afirma John Ferraro, diretor de Operações da Ernst & Young.

Os desafios são:

1) Sucesso em mercados de rápido crescimento é mais difícil do que antes

O êxito em mercados de rápido crescimento está se tornando mais difícil porque os custos estão aumentando, a concorrência está se tornando mais intensa e o crescimento, embora ainda rápido quando comparado com os mercados desenvolvidos, está ficando mais fraco. As empresas terão de lançar sua bagagem organizacional, elaborar estratégias inovadoras que assegurem um retorno rápido e ter uma visão mais ampla das partes interessadas no investimento.

2) Uma medida não serve a todos os mercados

Como as empresas diversificam a atuação para mercados com perspectivas e ambientes de negócio muito diferentes, elas enfrentam o aumento da complexidade operacional. As companhias terão de integrar as redes de acordo com os mercados agrupados logicamente, repensar a terceirização, bem como investigar os benefícios da terceirização para perto. 

3) A política tem se tornado mais importante e menos previsível

Um ambiente político dinâmico e incerto – especialmente com protecionismo crescente – está causando preocupação considerável. As empresas devem se envolver com os responsáveis políticos para a tomada de decisões corretas, combinar o conhecimento local com coordenação global e construir relacionamentos mais fortes com as administrações fiscais.

4) As pessoas boas são difíceis de encontrar

Em todos os lugares, está cada vez mais difícil combinar candidatos com posições disponíveis. Para ajudar a lidar com o problema, as empresas devem colocar os melhores talentos em mercados mais promissores, promover gerentes de acordo com o ritmo do mercado e rever o modelo de expatriados.

Fonte: Canal Executivo

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